terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Encontro Intergeracional

Vai ser no dia 14 de fevereiro, na Biblioteca Municipal. O 8º A preparará uma entrevista, a leitura de uns poemas. Um casal de velhotes muito simpáticos responderá às perguntas sobre como era namorar e casar há muitos anos. É uma atividade que tem se vindo a repetir, organizada pela RBAL (Rede de Bibliotecas de Alcochete). Uma gracinha...

Amor Burguês

Crónica de José Luís Peixoto, própria para esta altura do Ano:

Havemos de engordar juntos.

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a barra que diz "cliente seguinte", estão ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os iogurtes, têm medo de pagar o fiambre daquele que está atrás. Enquanto não marcam essa divisão, não descansam. Depois, não descansam também, inventam outras maneiras de distrair-se. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do amor acontece na caixa do supermercado, naqueles minutos em que um está a pôr as compras no tapete rolante e, na outra ponta, o outro está a guardá-las nos sacos.

As canções e os poemas ignoram isto. Repetem campos, montanhas, praias, falésias, jardins, love, love, love, mas esse momento específico, na caixa do supermercado, tão justo e tão certo, é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que há a crueza das lâmpadas fluorescentes, há o barulho das caixas registadoras, pim-pim-pim, há o barulho das moedas a caírem nas gavetas de plástico, há a musiquinha e os altifalantes: responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12, responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12; mas tudo isso, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza nuclear desse momento.

É muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Viver é muito diferente de ver viver. Ou seja, quando se está ao longe e se vê um casal na caixa do supermercado a dividir tarefas, há a possibilidade de se ser snob, crítico literário; quando se é parte desse casal, essa possibilidade não existe. Pelas mãos passam-nos as compras que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que imaginámos durante essa escolha: quando estivermos a jantar, a tomar o pequeno-almoço, quando estivermos a pôr roupa suja na máquina, quando a outra pessoa estiver a lavar os dentes ou quando estivermos a lavar os dentes juntos, reflectidos pelo mesmo espelho, com a boca cheia de pasta de dentes, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivéssemos uma deficiência na fala.

Ter alguém que saiba o pin do nosso cartão multibanco é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo para o nosso ritmo pessoal. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram. Daqui a pouco começam as televendas, também servem.

Havemos de engordar juntos.

Estas situações de amor tornam-se claras, quase evidentes, depois de serem perdidas. Quando se teve e se perdeu, a falta de amor é atravessar sozinho os corredores do supermercado: um pão, um pacote de leite, uma embalagem de comida para aquecer no micro-ondas. Não é preciso carro ou cesto, não se justifica, carregam-se as compras nos braços. Depois, como não há vontade de voltar para a casa onde ninguém espera, procura-se durante muito tempo qualquer coisa que não se sabe o que é. Pelo caminho, vai-se comprando e chega-se à fila da caixa a equilibrar uma torre de formas aleatórias.

Quando se teve e se perdeu, a falta de amor é estar sozinho no sofá a mudar constantemente de canal, a ver cenas soltas de séries e filmes e, logo a seguir, a mudar de canal por não ter com quem comentá-las. Ou, pior ainda, é andar ao frio, atravessar a chuva, apenas porque se quer fugir daquele sofá.

E os amigos, quando sabem, não se surpreendem. Reagem como se soubessem desde sempre que tudo ia acabar assim. Ofendem a nossa memória.

Nós acreditávamos.

Havemos de engordar juntos, esse era o nosso sonho. Há alguns anos, depois de perder um sonho assim, pensaria que me restava continuar magro. Agora, neste tempo, acredito que me resta engordar sozinho.

José Luís Peixoto, in revista Visão (Janeiro, 2012)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dia 28 de janeiro vem a Amnistia Internacional

Vamos, na 2ª feira,  assistir a uma sessão sobre Os Direitos Humanos. Depois do almoço, pelas 13.30. As razões desta palestra prendem-se com o facto de no dia 27/1 se comemorar o Dia do Holocausto.
 
Vamos relembrar, pois é importante não esquecer...


Dia 27 de janeiro

Vamos relembrar o Holocausto.
A Biblioteca disponibiliza materiais de apoio a esta temática e relembra que tem filmes e livros indicados para a temática, tais como:

O Agiota - história de um judeu que esteve num campo de concentração e de como isso condicionou a sua vida
O Diário de Anne Frank - temos o livro e o filme
Páginas de Liberdade- uma turma difícil, uma professora de Inglês, a leitura e a escrita e a amizade, tudo em conjunto para sermos melhores pessoas e mais livres  (o diário dos alunos existe em livro)
A Vida é Bela - 2ª guerra, morte, amor, família
A Lista de Schindler- salvar os judeus de morrerem no gueto, foi essa a forma de o conseguir (trabalho numa fábrica).


Podem ler ainda:
O Mundo em que vivi- Ilse Losa (uma judia que saiu da Alemanha nazi e que veio viver para Portugal)
Maus - BD de Art Spiegelman (uma BD que retrata os alemães como ratos, Maus era o nome de um tipo de carro de combatee o autor joga com a palavra mouse, em inglês)
O rapaz do pijama às riscas - John Boyle

O autor de Maus no festival de BD de Angoulême, França (2012):
Existem muitos livros de História na biblioteca sobre esta temática.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Poema e frases com Esperança

Um belo poema do poeta chileno, já falecido,  Pablo Neruda,  para lembrar que devemos ajudar a pátria a lutar, apesar do desânimo. Um poeta que foi Prémio Nobel da Literatura e um defensor da palavra, da liberdade:





EL MONTE Y EL RIO

EN mi patria hay un monte.
En mi patria hay un rio.
Ven conmigo.
La noche al monte sube.
El hambre baja al río.
Ven conmigo.

Quiénes son los que sufren?
No sé, pero son míos.
Ven conmigo.
No sé, pero me llaman
y me dicen  "Sufrimos".
Ven conmigo.

Y me dicen: "Tu pueblo,
tu pueblo desdichado,
entre el monte y el río,
con hambre y con dolores,
no quiere luchar solo,
te está esperando, amigo".
Oh tú, la que yo amo,
pequeña, grano rojo
de trigo,
será dura la lucha,
la vida será dura,
pero vendrás conmigo.

Pablo Neruda

Um Bom Ano

Começamos este novo ano com esperança. A BE recomenda a leitura do livro:

O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne.

Este livro aborda a amizade entre dois rapazes diferentes, um vive dentro de um campo de concentração; o outro é filho do inimigo alemão e vive do outro lado. São inocentes. Pergunta-se: para quê uma guerra que faz isto às pessoas? Essa pergunta vem do olhar destas crianças e de tantas outras que foram vítimas da 2ª guerra mundial e que continuam a ser vítimas das guerras que nunca mais têm fim (caso da guerra na Síria). Apelemos à paz, neste mês que comemora a paz...